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Sindicato de Atletas SP entra com representação contra John Textor no STJD

Entidade dos jogadores paulistas pede investigação e esclarecimentos ao Tribunal Desportivo e solicita apuração dos fatos levantados pelo proprietário da SAF do Botafogo

O Sindicato de Atletas SP, por meio de seu departamento jurídico, enviou na última terça-feira (02 de abril) ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) um pedido de investigação e esclarecimentos contra John Textor, proprietário da SAF Botafogo de Futebol e Regatas.

A entidade solicita ao órgão a apuração e comprovação dos fatos alardeados por Textor em suas mídias sociais, em que afirmou a existência de resultados manipulados em favor da Sociedade Esportiva Palmeiras em duas partidas.

A situação fica ainda mais delicada pelo fato de Textor, com base nessas declarações irresponsáveis, colocar em dúvida a honra dos jogadores de dois times, questão que prejudica diretamente não somente as carreiras dos atletas dos clubes mencionados, mas a categoria como um todo, já que todas as especulações, que se iniciaram imediatamente após as publicações, desaguam na parte indefesa da história.

Contra a impunidade

Quando o assunto “manipulação de resultados” envolve jogadores profissionais e demais ocorrências sobre o tema, o Sindicato de Atletas SP se posiciona frontalmente contra qualquer possibilidade de impunidade. Por outro lado, com o mesmo rigor, a entidade luta contra condenações que não comprovem cabalmente a participação dos atletas.

Para que tal condenação ocorra, será sempre necessária a apresentação de provas, como mensagens entre o aliciador e atleta, que façam a ligação entre a ação que foi combinada previamente e posteriormente efetivada na partida, além de cópias de extratos bancários que confirmem o pagamento da propina prometida, declarações de testemunhas, etc.

Absolvição de jogadores condenados sem provas

Há muitos anos, o Sindicato de Atletas SP presta assistência aos jogadores no Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paulista de Futebol.

Em março de 2024, onze atletas procuraram a entidade em busca de defesa, já que seus clubes empregadores os abandonaram. Os casos envolviam supostas manipulações de resultados. A procura aconteceu em fase adiantadíssima dos processos, em que os atletas já estavam condenados em primeira instância.

Mesmo com o quadro adverso e já em fase de recurso, o advogado do Sindicato de Atletas SP, Rodrigo Jakobovsky, de forma brilhante, conseguiu a absolvição de sete dos onze atletas, pelo relevante fato de se tratarem de casos de condenação sem provas.

Não à impunidade. Muito menos uma caça às bruxas

Por se tratar de um tema tão delicado, a equipe jurídica do Sindicato de Atletas SP entende que a defesa em casos como esses só é possível quando os indícios não trazem consistência quanto a participação do atleta no caso de manipulação de resultado. Fato que coloca a entidade frontalmente contra a atitude do dono da SAF do Botafogo quando o mesmo especula somente com base em análises elaboradas por um programa de inteligência artificial.

Condenado por estar mal posicionado em campo?

Para entender a quão absurda chega essa situação, pode-se traçar um paralelo com um dos casos defendidos no TJD/FPF em que o sindicato conseguiu a absolvição do atleta.

A condenação se baseou em uma análise na qual o jogador estaria “supostamente mal posicionado em campo”, portanto, favorecendo o gol consignado pelo time adversário.

A denúncia, inclusive, tinha essa tese como argumento. No processo não havia mais nada que pudesse comprovar qualquer envolvimento do jogador na manipulação do resultado, tampouco um relatório da empresa que acompanha o volume de apostas nas casas de apostas oficiais, e que poderia corroborar com qualquer movimento estranho durante o jogo.

“Se formos condenar por manipulação de resultados um jogador porque ele está mal posicionado no lance do gol do time adversário, imagine a quantidade de condenações que haveria, já que a grande maioria dos gols dependem de um jogador mal colocado, ou de um jogador que levou um drible, ou daquele que não conseguiu acompanhar o atacante. Se sairmos do campo de jogo, podemos pensar no treinador que escalou mal um jogador que não performou, ou escalou um jogador, teoricamente, fora de posição. Indo para a gestão do clube, poderíamos pensar no diretor que contratou um treinador cuja filosofia de jogo seria incompatível com o material humano disponível ou até mesmo de um presidente que contratou o diretor de futebol que trouxe esse treinador”, lista Rinaldo Martorelli, presidente do Sindicato de Atletas SP.

Que completa seu ponto de vista:

“Em um segmento em que há competição ferrenha e essa envolve variáveis intermináveis em que a busca do resultado positivo é o único objetivo aceitável, não se pode aceitar de nenhuma maneira que a especulação seja o carro chefe condutor de uma situação tão delicada.  Poderíamos até mesmo especular que o próprio Textor, ao perder o Campeonato Brasileiro do ano passado considerado por muitos praticamente ganho já no final do primeiro turno, tamanha diferença de pontos para o segundo colocado, poderia ter cedido à propostas interessantes para que o seu time descaísse tanto de produção no segundo turno da competição e terminasse em quinto lugar. Mas como somos respeitosos e não aceitamos nada que não se possa comprovar, isso jamais faremos”, defende.

Quase uma década contra manipulações

Desde 2015, ou seja, há quase uma década, o Sindicato de Atletas SP trabalha arduamente contra as manipulações de resultados. Foram mais de 300 palestras educativas ministradas pelo Diretor Mauro Costa.

Apesar de educar e alertar os atletas sobre o tema, o sindicato também defende a punição daqueles que venham a se envolver em ações que manchem o futebol. No entanto, sem que essa participação seja extremamente comprovada, a entidade condena e lutará contra quaisquer calúnias ou insinuações irresponsáveis como as citadas pelo dirigente.

Diga não a especulação, Senhor John Textor!

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